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Universidade Federal de Goiás
Retranca Transporte

Estudantes propõem soluções para o trânsito

Em 28/09/18 08:47. Atualizada em 01/10/18 09:44.

Projetos de acadêmicos de Engenharia de Transportes visam melhoria do trânsito nas Avenidas Jamel Cecílio e T-9, em Goiânia, e no Anel Viário, em Aparecida de Goiânia

Caroline Pires

Sabe aquele ponto de engarrafamento que toma minutos preciosos do seu dia? Já pensou em propor soluções inteligentes e viáveis para solucionar a situação? Com certeza este é um dos desafios mais empolgantes para qualquer aluno recém-ingresso em Engenharia de Transportes. Atento a esse interesse e à paixão natural dos estudantes pela área de infraestrutura, uma das cinco que compõem os eixos do curso, o professor João Paulo Souza Silva, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Federal de Goiás (FCT/UFG), convidou seus alunos para encarar o desafio. O resultado foi a grata surpresa de três projetos inovadores para a melhoria do trânsito na Avenida Jamel Cecílio e na T-9, em Goiânia, e no Anel Viário, em Aparecida de Goiânia. Apesar de ainda serem projetos iniciais e que precisam ser amadurecidos no que se refere ao levantamento de orçamento e ao impacto social da sua implementação, a apresentação das três estruturas grandiosas já dão a dimensão dos problemas a ser resolvidos e as reverberações que os problemas de trânsito e transportes provocam no dia a dia das cidades.

Um exemplo é a rotatória localizada no setor Vila Bela, na avenida T-9. "Por hora passam cerca de 5,1 mil carros no cruzamento, mas uma estrutura daquele porte não suportaria mais de 1.000. O resultado dessa sobrecarga é o congestionamento", explica Antônio Carlos Hanig, aluno do quarto período do curso. As cinco avenidas que convergem para a rotatória tem fluxo mais sobrecarregado durante o final do dia. O professor João Paulo explica que, pelos critérios da Engenharia de Transportes, inicialmente se adota a tentativa de resolução do problema com a implementação de semáforos, com base no estudo do movimento direcional das avenidas. Em um segundo passo, separa-se fisicamente os movimentos, ou seja, coloca-se as avenidas em níveis diferenciados, criando viadutos ou túneis.

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Humanização do espaço público: proposta de projeto para a Avenida T-9 beneficia motoristas, ciclistas e pedestres

Contudo, o grande diferencial do projeto é o foco no pedestre e nos veículos não motorizados, que muitas vezes ficam sem receber a atenção necessária nas estruturas de engenharia. Os alunos propuseram o modelo de uma passarela elevada inovadora, inspirada em um modelo de estrutura já implementado em Xangai, e que, no futuro, possa receber também um fluxo de bicicletas. "A ideia é retirar o pedestre da zona de conflito e promover a humanização do espaço público", complementa Janayna Vieira. Paisagismo, promoção do ambiente verde e uso de cores para deixar o ambiente de concreto mais agradável estão entre os detalhes que compõem o projeto, que foi dividido em três etapas.

Além da estrutura do viaduto e da passarela, uma segunda etapa do projeto prevê a construção de uma galeria de água abaixo da estrutura, com o objetivo de evitar os constantes alagamentos na região baixa da T-9, na altura da ponte da rua C-104, que costuma ficar alagada após períodos de chuva intensa. A terceira etapa é a criação de um parque ambiental com uma concha acústica cultural em uma área que necessita ser revitalizada na parte lateral da avenida. Todo esse desafio implica em uma série de estudos sobre áreas específicas, como geologia, drenagem, macro e micro simulação, além da previsão de quanto tempo a infraestrutura conseguirá atender a região. "Devido ao grande investimento financeiro, é necessário garantir que a infraestrutura suporte a demanda crescente por pelo menos 30 anos. Essa é a etapa em que estamos atualmente: verificar quais os limites da construção", completa Antônio Hanig.

Infraestrutura e bem-estar

O professor João Paulo explica que infraestrutura são obras ou intervenções que dão suporte para melhoria da cidade. "Quando fazemos uma obra como essas, melhoramos o trânsito, a qualidade de vida, podemos impulsionar a economia local e a segurança dos pedestres", explica. Sendo assim, o desafio da Engenharia de Trânsito é garantir não só estruturas grandiosas ou soluções de trânsito, mas pensar maneiras de melhorar a vida das pessoas.

Neste sentido, Bruna Azevedo e Luís Paulo Costa, juntamente com outros alunos do segundo período de Engenharia de Transportes, projetaram a construção de um elevado para solucionar os problemas do Anel Viário da cidade de Aparecida de Goiânia, que recebe cerca de 4 mil veículos, em grande parte caminhões. Em razão do enorme fluxo no local e das demandas crescentes de trânsito da região, a ideia é que a estrutura seja pré-moldada, o que diminui os custos da obra e permite a readequação conforme as necessidades da região.

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Proposta de elevado para o Anel Viário, em Aparecida: uso de estruturas pré-moldadas diminuiriam o custo da obra

Inicialmente os estudantes acharam que o grande problema da região era o acesso local aos bairros, mas durante o estudo descobriram que o gargalo era o Anel Viário. "O que criamos foi uma segmentação que propicia o fluxo rápido para os veículos pesados que seguem pelo anel viário. Vimos também que temos espaço para trabalhar com o canteiro central, que já existe no local, elevando o fluxo rápido e revitalizando a parte inferior", explica Luís Paulo.

Bruna levantou a questão de que é necessário também propor soluções de urbanização do espaço abaixo da estrutura pré-moldada. "Pensamos uma estrutura mais esbelta que propicie o máximo de iluminação e socialização, prezando pela segurança e deixando a opção da criação de quiosques comerciais", completou Bruna.

Resolução em três etapas

Um dos maiores congestionamentos de Goiânia é o cruzamento das avenidas Jamel Cecílio e Leopoldo de Bulhões, continuação da Marginal Botafogo, e com certeza é um dos maiores desafios de trânsito da cidade. Empenhados em resolver esse problema, um grupo de alunos, também sob a orientação do professor João Paulo, projetou uma grandiosa estrutura para solucionar o problema dos 10 mil carros que circulam diariamente pelas avenidas durante os horários de pico.

A proposta é a criação de dois viadutos e uma rotatória, para solucionar não só o congestionamento da Avenida Jamel Cecílio, que recebe o maior fluxo, como também da Avenida Leopoldo de Bulhões. "Nossa maior dificuldade foi enxergar que só um viaduto não resolveria o problema", explica Melissa Vaz. Em razão da altura da estrutura, não seria possível a implantação de passarela, além de ser necessária a diminuição das calçadas, o que poderia gerar um impacto no comércio local.

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Nova estrutura desafogaria o congestionamento das Avenidas Jamel Cecílio e Leopoldo de Bulhões, na região Sul

Ainda em fase inicial, os alunos pretendem continuar trabalhando no projeto durante os cinco anos do curso, para que ao final consigam apresentar de forma completa os dados que deixem claro os benefícios e impactos da obra. "Foi uma grata surpresa o entusiasmo dos alunos ao desenvolverem projetos logo no primeiro período. Nós esperamos que muitos desses trabalhos iniciais se tornem projetos de pesquisa e sejam amadurecidos ao ponto de serem apresentados para a Prefeitura", afirmou professor João Paulo.

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Próxima etapa é dar continuidade aos projetos para que futuramente sejam apresentados à prefeitura de Goiânia

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Fonte: Secom/UFG

Categorias: cidade Edição 98 Tecnologia