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Universidade Federal de Goiás
Painel Econômico

PAINEL ECONÔMICO

Em 29/07/19 14:13.

Taxa de desemprego no interior de Goiás é maior do que na região metropolitana de Goiânia

Boletim de Conjuntura Econômica de Goiás – No 111, julho de 2019 

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou informações inéditas de sua Pesquisa Anual por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD-C acerca do comportamento do mercado de trabalho no interior do país. Essas informações mostraram que Goiás está entre os quatro estados (Alagoas, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Norte, além de Goiás) nos quais o desemprego no interior é maior do que nas regiões metropolitanas e/ou na capital. Por aqui, os últimos dados do IBGE, relativos ao primeiro trimestre de 2019, dão conta de que, ainda que tenha ficado abaixo da média nacional (12,7%), a taxa de desocupação no interior do estado era de 12,4%, ao passo que a da Região Metropolitana de Goiânia era 10,7% e a da capital 7,2%. 

A grande maioria dos municípios goianos, em geral com menos de 10 mil habitantes, tem sua renda dependente da administração pública e da agropecuária, com os setores de indústria e comércio pouco significativos. Em dez municípios do estado, por exemplo, a participação da administração pública na economia supera 40,0%, sendo que, em outros, como Chapadão do Céu, Perolândia e São Simão, tal participação é de menos de 6,0%. Não por acaso, 63,6% da mão de obra informal está no interior de Goiás e os 36,4% restantes na Região Metropolitana da Capital. Isso ajuda a explicar por que o rendimento médio dos trabalhadores do interior é de apenas 88,7% da média estadual, enquanto que o do trabalhador de Goiânia supera essa média em 28,3% e o de sua região metropolitana é 16,8% maior. 

Quase 43,0% do PIB do estado são gerados por apenas três municípios: Goiânia (28,0%), Anápolis (7,7%) e Aparecida de Goiânia (7,1%). Isso ilustra a concentração da geração de riqueza no estado. Não é à toa que, sozinhos, esses três municípios possuem 35,3% do total da população goiana. A última estimativa da população realizada pelo IBGE, em 2018, evidenciou que 34,1% (84) dos 246 municípios de Goiás estão perdendo população. Muitas pessoas saem do interior do estado em busca de emprego e de melhores condições de vida, mas várias delas acabam não atingindo esse objetivo. A concentração da população na capital e em sua região metropolitana contribui para que ocorra o crescimento urbano desordenado, o trânsito cada vez mais congestionado, a criação de novos bairros sem a infraestrutura adequada e até mesmo o aumento da população de rua. Esses resultados sugerem a forte necessidade de que sejam tomadas medidas por parte do setor público para interiorizar o desenvolvimento do estado. 

A produção agrícola em pequenas propriedades carece de apoio governamental para ao menos chegar perto das produtividades alcançadas pelas grandes propriedades, o que pode não apenas reduzir a dependência que muitos municípios goianos possuem dos recursos públicos, mas também melhorar as condições de vida e reter os jovens nas pequenas cidades. Muitos proprietários agrícolas do estado têm reclamado, por exemplo, da escassez de oferta de energia elétrica, que, por vezes, causa perda de parte de sua produção. Essa escassez também tem adiado e até mesmo causado perda de investimentos industriais no estado. 

Muitos municípios goianos possuem potencial turístico significativo, mas pouco explorado. Este é o caso de São João D’Aliança e Teresina de Goiás, integrados à Chapada dos Veadeiros; Piranhas, com suas cachoeiras e piscinas naturais; e Corumbá, com seu Salto de Corumbá. Com boas campanhas de divulgação, esse potencial pode ser melhor explorado, mas isso, por si só não é suficiente. É preciso melhorar a infraestrutura para acesso aos pontos turísticos, além de fornecer apoio para que o setor privado realize investimentos, dando condições para que os municípios recebam e proporcionem mais conforto aos turistas. 

Boas políticas públicas podem contribuir para dinamizar o interior do estado. É claro que tudo isso não se muda exatamente no curto prazo. Depende de planejamento e, sobretudo, de ações que, em geral, não têm seus resultados visualizados dentro do horizonte de apenas um Governo. Ou seja, são ações que devem ser consideradas como políticas de Estado e não apenas de Governo. 

Fonte: FACE

Categorias: colunistas