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Universidade Federal de Goiás
Painel Econômico

PAINEL ECONÔMICO

Em 31/08/20 15:10. Atualizada em 25/09/20 18:16.

Desemprego cresce no país e pressiona mercado de trabalho

Boletim de Conjuntura Econômica de Goiás – No 124, agosto de 2020

Os últimos resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Covid19 – PNAD COVID-19, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelaram que a taxa de desocupação vem aumentando no Brasil, ao tempo em que as regras de distanciamento social vêm sendo afrouxadas em praticamente todo o território nacional. Entre maio/2020 e julho/2020, essa taxa aumentou de 10,7% para 13,1% e o número de pessoas sem emprego no país passou de 10,1 milhões para 12,2 milhões. Por seu turno, o nível de ocupação (razão entre o total de pessoas ocupadas e as pessoas em idade de trabalhar) caiu de 49,7% em maio/2020 para 47,9% em julho/2020.

Vale lembrar que para ser considerada desempregada não basta estar sem trabalho. A pessoa deve tomar alguma iniciativa para encontrar emprego, mesmo que seja apenas a realização de uma inscrição para participar de um concurso público, sob pena de não fazer parte da estatística calculada pelo IBGE. Esse conceito é relevante porque permite que se compreenda melhor como está se dando o avanço da taxa de desocupação no país. Ocorre que muitas pessoas que não estão trabalhando gostariam de trabalhar, mas não procuraram emprego, especialmente por conta da pandemia. No Brasil, eram 28,3 milhões de pessoas nesta condição em julho/2020, as quais não incluem os 12,2 milhões de desempregados.

Na medida em que as pessoas vão se sentido mais encorajadas a sair de casa, também passam a procurar por emprego e a taxa de desocupação aumenta, pressionando o mercado de trabalho. Talvez essa seja uma das explicações para o aumento da taxa de desocupação em Goiás, juntamente, é claro, com os efeitos deletérios da pandemia sobre a economia do estado. Vários municípios do interior já haviam flexibilizado as medidas de distanciamento social e recentemente o governo da capital também o fez, ainda que tenham sido mantidas as proibições para realização de grandes eventos, aulas presenciais, funcionamento de cinemas, teatros, casas de espetáculos e a realização de jogos.

Assim, a taxa de desocupação do estado voltou a aumentar em julho/2020, atingindo 13,4%, ante 13,1% registrados em junho/2020. A PNAD COVI19 revelou ainda que, juntamente com as 468 mil pessoas desocupadas em Goiás, havia, em julho/2020, outras 784 mil que não fizeram parte da taxa de desocupação do estado porque não procuraram trabalho, mas que estavam sem emprego e gostariam de trabalhar. Esse número é maior do que as populações de Aparecida de Goiânia (590.146 habitantes) e de Anápolis juntas. É muita gente querendo trabalhar e não consegue.

Em tempo, o IBGE divulgou neste mês os resultados das suas Estimativas Populacionais, sugerindo que a população brasileira atingiu 211,7 milhões de habitantes e a goiana 7,1 milhões em 2020. Goiás ocupa a 12a posição entre as Unidades da Federação em termos populacionais e Goiânia a 10a entre os 5.570 municípios brasileiros, com população estimada de 1.536.097 habitantes. Dois outros municípios goianos também se destacaram em nível nacional: Aparecida de Goiânia, que ocupa a 37a posição no ranking nacional (com 590.146 habitantes), e Anápolis, que tem a 66a posição (com 391.772 habitantes). A dinâmica populacional de Goiás é ditada principalmente pela Região Metropolitana da capital, onde moram 2.601.601 pessoas, que representam 37% da população do estado. Destaca-se também a região do estorno de Brasília, que concentra 1.503.851 habitantes, perfazendo 21% dessa população.
Muitos municípios não possuem atrativos para reter seus jovens e vêm perdendo população. 95 dos 246 municípios goianos (38,6%) possuem menos de 5.000 habitantes e em 151 deles (61%) a população não ultrapassa 10 mil habitantes. De outro lado, o estado conta com apenas 14 municípios que possuem mais de 100 mil habitantes e concentram 58,6% da sua população. Esta concentração da população do estado em poucos municípios parece espelhar o que ocorre em nível nacional. Nos quatro estados da região Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo) residem 42% da população brasileira, que somam 89 milhões de habitantes.

Os dados nacionais e os de Goiás trazem à luz velhos desafios. A necessidade de se estabelecer políticas públicas para estimular o desenvolvimento econômico regional e os problemas recorrentes causados pelo trânsito congestionado, demora para as pessoas chegarem ao trabalho, crescimento urbano desordenado, infraestrutura insuficiente, desigualdade social, violência e pressões sobre os sistemas de saúde e ensino locais.

Especialmente neste ano de eleições municipais, é importante que tanto esses temas, quanto a questão do desemprego estejam presentes nas mentes de todos, juntamente com a necessidade de se continuar combatendo a pandemia. É hora de lembrar do passado e de se posicionar para tentar melhorar o futuro.

Fonte: Secom UFG

Categorias: colunistas FACE Economia