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Universidade Federal de Goiás
Emiliano Godoi

Eleições municipais e a agenda ambiental

Em 16/09/20 08:25. Atualizada em 16/09/20 08:27.

Professor Emiliano Godoi alerta sobra a importância de se observar quais os compromissos ambientais estão sendo assumidos pelos candidatos

Emiliano Lobo de Godoi*

(Artigo publicado previamente no Estadão)

Estamos novamente chegando a um período de eleições municipais, quando os nossos representantes, tanto do poder executivo quanto do poder legislativo, serão definidos. Serão eleitos prefeitos, vice-prefeitos e vereadores nos 5.568 municípios de todo o Brasil. Trata-se de uma etapa de fundamental importância para o nosso destino, afinal, os municípios são a base política e administrativa da nação e o alicerce do edifício democrático do país.

Neste momento, os planos de governo estão sendo trabalhados e novas diretrizes estão sendo propostas. Este é o momento em que os candidatos podem pensar com responsabilidade em quais compromissos irão assumir e em quais projetos irão priorizar suas forças. Por outro lado, é o momento para o eleitor ficar atento a essas propostas e promessas para que possa cobrar no futuro.

Com isso, não podemos deixar de observar quais os compromissos ambientais que estão sendo assumidos, afinal, problemas ambientais não começam nos estados ou no país. Problemas ambientais começam nos municípios. É no município que a população sofre pela falta de esgoto, adoece pela água contaminada e tem problemas pulmonares pela má qualidade do ar.

Investir na questão ambiental traz saúde. Relatório da ONU aponta que aproximadamente uma em cada quatro mortes de crianças no mundo é causada pelo consumo de água imprópria. A poluição atmosférica causa 24% de todas as mortes de adultos por doença cardíaca, 25% das mortes por acidente vascular cerebral (AVC), 43% das mortes por doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e 29% das mortes por câncer de pulmão.

Investir na questão ambiental proporciona qualidade de vida a população. Áreas verdes, parques e praças são uma das opções mais sustentáveis para se combater as ilhas de calor e a poluição, pois, a vegetação, além de produzir oxigênio, ajuda a regular a temperatura e a umidade. Promovem também a redução da radiação ultravioleta e do ruído gerado pelo tráfego de veículos. São lugares adequados para relaxar, praticar esporte e realizar eventos culturais.

Investir na questão ambiental gera emprego e renda. A organização Internacional do Trabalho (OIT) indica o aumento do interesse das empresas por profissionais que atuam com processos e tecnologias que reduzem os impactos ambientais e contribuem para a sustentabilidade corporativa, estimando que devem ser gerados 15 milhões de empregos na América Latina até 2030, a maior parte no Brasil. A chamada retomada econômica verde pós-pandemia é o grande destaque da pauta econômica dos países mais ricos do mundo.

Investir na questão ambiental gera economia nos gastos públicos. Ações ambientais implementadas em órgãos públicos evitam o desperdício e reduzem significativamente os custos com água, energia e resíduos. Além disso, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), para cada dólar investido em água e saneamento são economizados 4,3 dólares em custos de saúde no mundo.

Assim, não faltam motivos para se investir na questão ambiental. Já passou da hora desse tema sair dos planos de governo e de se transformar em ações. Não podemos serrar o galho em que estamos sentados. A natureza já deu vários recados de seu esgotamento. Economia e ecologia não são inimigas. São irmãs que vivem juntas e que dependem uma da outra. É chegado o momento que devemos anotar as promessas para podermos cobrar no futuro. É o momento de exercermos nossa cidadania e não lamentarmos depois.

*Emiliano Lobo de Godoi é professor da Escola de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade Federal de Goiás

O Jornal UFG não endossa as opiniões dos artigos, de inteira responsabilidade de seus autores





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