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Universidade Federal de Goiás
Professor

Ser professor em 2020: desafio aceito!

Em 09/10/20 14:28. Atualizada em 14/10/20 15:51.

A UFG homenageia seus professores com depoimentos de profissionais e suas vivências durante a pandemia

Carolina Melo e Kharen Stecca

Fotos: Arquivos pessoais dos professores

Um ano diferente. Planejamentos e planos de um semestre inteiro tiveram que ficar suspensos, assim como também ficou em suspensão a atenção do mundo, direcionada aos desdobramentos de uma pandemia que colocou à prova qualquer certeza. Com a passagem do tempo, as saídas foram se apresentando. Nem sempre ideais, mas as possíveis.

A rotina passou a ser mediada, quase que exclusivamente, pelas telas de computadores. Assim, retomaram-se o contato com os colegas profissionais, os grupos de pesquisas, as aulas e orientações. E, no mesmo espaço, o núcleo familiar e a rotina sendo pensada e dividida com os integrantes da casa. O desafio foi aceito.

A casa, agora, tornou-se um lugar de múltiplas funções, que promove o intercâmbio de espaços e permite a sobrevivência e a adaptação da Educação e a manutenção do compromisso com a docência, o ensino, a pesquisa e a extensão. O lar abre espaço para a Universidade. A Universidade também é o lar. E a engenharia nem sempre é harmônica.

Nesse novo cenário, ainda mais interseccional, chega-se o Dia do Professor. E, neste dia, homenageamos todos os nossos docentes que, de uma forma ou outra, adaptaram-se e desenvolveram novas habilidades para manter a Universidade pulsando em conhecimentos, trocas e amadurecimentos.

Simbolicamente deixamos aqui representadas as vozes de docentes de áreas diferentes da UFG, que ilustram os esforço e a dedicação de todas e todos docentes:

 

 

Daniela da Costa Britto Pereira Lima (professora da Faculdade de Educação)

Daniela FE

"Desde pequena, antes mesmo de frequentar a escola, eu queria ser professora. Sentimento esse que me acompanhou a vida escolar até cursar Pedagogia. A docência me encanta sempre pela possibilidade de pensar que o/a professor/a “provoca” o estudante e esse pode conquistar a emancipação e empoderamento necessários para a vida, de forma transformadora. Assim, o professor tem papel chave para esse desenvolvimento, contribuindo  com amorosidade para a formação de  estudantes, de forma significativa e que promova o que Paulo Freire tanto defendeu: a autonomia emancipadora. Com a pandemia, entendo que o papel do professor foi enaltecido, por demonstrar o quão seu fazer exige do profissional dedicação que extrapola a sua jornada de trabalho e exige esforço intelectual, físico e emocional não conhecidos pelos demais. 

Daniela FE

No âmbito de quem pesquisa as tecnologias a pandemia foi para mim um desafio como profissional que precisou nesse contexto demonstrar que elas podem ser utilizadas com qualidade (a depender do uso, desde que com acesso a tod@s). As tecnologias representam na sociedade atual um símbolo do capitalismo selvagem vigente e poder analisá-las numa perspectiva crítica e de não reprodução/exclusão ainda é uma quase impossibilidade para alguns. Assim, poder mostrar por meio da ciência que essa possibilidade de uso das tecnologias na educação com qualidade social, equidade e inclusão pode acontecer, tem sido meu maior desafio.

Nós professores temos a chance de fazer a diferença na formação acadêmica para o trabalho (e toda sua relação com a extensão, ensino e pesquisa) de estudantes que atuarão na nossa sociedade. Ser professor na atualidade, ainda mais num ano de pandemia, nos faz rever a responsabilidade para a formação, na perspectiva da autonomia e empoderamento. Não podemos esquecer que as tecnologias não são fim e nem remédios para as soluções dos problemas educacionais, mas são meios, assim como tantos outros. Porém, meios diferenciados que podem ser  carregados de informações, subjetividades, fake news, pós-verdades, etc que precisam ser descortinadas por nós professores e utilizadas criticamente para que nossos estudantes também possam fazê-lo.Nós professores fomos e continuamos sendo nesse momento de pandemia, juntamente com os estudantes, aqueles que fazem, que vão à luta, mesmo nas mais incríveis dificuldades. E, como já dizia Geraldo Vandré, “vem, vamos embora, que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”."

Fernanda Maciel Canile (Faculdade de Ciência e Tecnologia)

Fernanda em aula

A professora Fernanda Canile está na UFG desde 2017. Para ela ensinar é uma missão de vida: "Todo professor tem papel fundamental na formação do cidadão, na prática profissional e no ponto de vista ético". Confira o depoimento da docente:

Rita de Cássia de Oliveira Reis (Centro de Ensino e Pesquisa Aplicado à Educação)

Rita Cepae

"A minha escolha pela graduação de História e  pela docência, tem uma estreita ligação com a trajetória de construção de consciência política e de luta por direitos sociais e políticos que levou a minha mãe no início dos anos de 1980, a participar e me levar para as reuniões da associação de bairro, que a levaram consequentemente a participar dos atos em busca de direitos e liberdade que culminariam no Movimento “Diretas Já”.
Hoje continuo com o mesmo desejo de despertar nos alunos e alunas o desejo de conhecer a realidade que os cerca, através da pesquisa e do protagonismo na construção do conhecimento que pode ser transformador e promotor de mudanças que garanta a toda a sociedade, em sua diversidade, o direito à igualdade e a liberdade que possibilitem realização de objetivos e o alcance da felicidade.

Rita Cepae

Vejo o professor (a) como um mediador do processo de ensino e aprendizagem, responsável pela criação de um ambiente que instigue a reflexão, a crítica, o questionamento, a autonomia e principalmente, o protagonismo do aluno (a) no processo de construção do conhecimento. O principal desafio, durante a pandemia e o isolamento social que ela trouxe, é a impossibilidade de convivência entre os membros da comunidade escolar. Embora acredite que o aprendizado não ocorra apenas na escola, ou apenas na sala de aula, a relação professor (a) /aluno (a), ou toda relação estabelecida no ambiente escolar é uma parte significativa desse processo.  Ligado ao distanciamento imposto pela pandemia, outro desafio é a necessidade de adaptação a um novo modelo de ensino/aprendizagem, à distância, por meio da mediação de recursos tecnológicos. Um desafio tanto pela falta de experiência quanto pela falta de acesso às tecnologias por um percentual considerável dos nossos estudantes.
Aos demais professores reitero que apesar do medo e das incertezas, causadoras de muita angústia e ansiedade, precisamos fazer deste momento doloroso e desafiador, um momento de aprendizado. A escola, que há muito vinha exigindo mudanças, infelizmente teve esse processo acelerado pelas condições impostas pela pandemia, e nós professores e professoras, precisamos encontrar caminhos para, com segurança, manter o vínculo com nossos alunos e alunas que nos permita nos sentir parte de um todo, de uma comunidade, e encontrar condições eficientes de aprendizado, e principalmente acessíveis a todos e a todas. Precisamos estar abertos a experimentar, a ousar tomar caminhos diferentes com o propósito de continuar proporcionando experiências de aprendizagem significativas aos nossos alunos/alunas, pensando na manutenção do vínculo e antes de tudo na preservação da vida."

Renato Francisco do Santos Paula (professor do Câmpus Cidade de Goiás)

Renato (Cidade de Goiás)

O professor Renato está na UFG desde 2012 na Cidade de Goiás no curso de Serviço Social, trabalhando temas como Ciências Políticas, Políticas Públicas e Direitos Humanos. "Desde então tem sido uma honra compor o quadro docente da UFG, sobretudo no interior do estado, alcançando um público que em outras épocas a universidade não alcançaria!". Confira o depoimento do professor sobre sua vivência:

Maria Tereza Gomes da Silva (Faculdade de Artes Visuais)

maria tereza Fav

"A alegria da experiência e das inúmeras possibilidades de trocar saberes me levou a docência. Uma eterna busca por compreender a complexidade das realidades, das humanidades a partir de subjetividades e das relações com tudo e com todos. O papel do professor é cada vez mais essencial na sociedade, embora não devidamente reconhecido ou incentivado. Nesta pandemia a amplitude de atuação que os meios digitais possibilitam não anula a importância do professor no processo ensino aprendizagem. Os desafios são inúmeros. Embora as plataformas digitais ofereçam possibilidades inovadoras, certas experiências e especificidades das disciplinas práticas e laborais, ainda que reformuladas delimitam a experiência do presencial. Outra questão é a dificuldade de acessibilidade dos alunos. E ainda as limitações de ferramentas e equipamentos do próprio professor: a falta de incentivos para a educação neste momento emergencial traz uma sobrecarga. Mas houve coisas boas. Um momento muito positivo vivido através do projeto de extensão Girau de saberes foi realizar um encontro virtual,com vários mestres raizeiros quilombolas de diferentes regiões do estado de Goiás docentes e discentes via plataforma digital. Reunir a comunidade universitária e pessoas de diferentes localizações e saberes sem o deslocamento físico foi muito emocionante.

maria tereza Fav

Assim como em diversas áreas, a Educação neste momento de isolamento e distanciamento social pela crise sanitária da COVID-19, convida a repensar sobre questões complexas, rever práticas e paradigmas. Um momento para pensar que saberes diversos, e as áreas que estão interligadas, como emaranhados complexos onde tudo está conectado. Embora cada área contenha individualidades e especificidades, estão interligadas em uma mesma coletividade. O planeta, o meio ambiente e a saúde planetária passam por ações concretas do ser humano e talvez isto reflita o papel do professor independentemente da área de atuação. Este processo rizomático da Educação passa pelos entroncamentos e emaranhados, pelo trabalho compartilhado e pelas trocas. Assim o momento abre para pensar sobre a pandemia enquanto oportunidades, de grandes desafios, mas de muitas possibilidades, descobertas de “re-existência” e ressurgimentos."

 

 

Tatiana Amaral (Escola de Engenharia Civil e Ambiental)

tatiane amaral

"A minha motivação a docência foi o amor pela pesquisa e pelo ensino. A dinamicidade do dia a dia da Universidade definitivamente sempre me fascinou.
Agora, mais do que nunca, os educadores estão desempenhando um papel extremamente importante na sociedade, pois vai muito além da responsabilidade de se levantar e distribuir um conteúdo programado. Para mim é uma grande honra ter em mãos, a responsabilidade de preparar o aluno para se tornar um cidadão ativo dentro da sociedade. 

O cenário de extremo isolamento social trouxe uma necessidade intensa de reinventar as possibilidades e solidificar a tecnologia aliada à criatividade, como propulsores para que a educação se adequasse e atingisse as necessidades dos alunos. Busquei incluir metodologias ativas em minhas aulas, com o equilíbrio de atividades síncronas e assíncronas, compartilhadas antecipadamente, viabilizando assim discussões ricas nos ambientes virtuais, compartilhadas em momentos remotos dinâmicos, regados com empatia, colaboração, dinâmico, autogestão e criatividade. Dentre os desafios vividos, destaco alguns dentre tantos outros: garantir que não haja sobrecarga de conteúdo repassado ao aluno; conseguir identificar a evolução do aluno; garantir que todos tenham acesso ao conteúdo digital; adaptar um conteúdo pensado inicialmente de forma presencial para o ambiente online e adaptar-se rapidamente a uma nova realidade. Problemas acontecem: Nunca uma falta de luz ou de internet foram tão importantes!
Espero que os professores continuem trabalhando incansavelmente para garantir que os alunos tenham acesso a um ensino de qualidade, mesmo que neste momento de forma remota. Acredito que o ensino não será mais o mesmo após a pandemia, principalmente no quesito de promover a aprendizagem.
Não tenho dúvidas de que este momento em que estamos vivendo irá transformar o ensino e a aprendizagem e a formalização do conhecimento."

Cristina da Costa Krewer Mascioli (Instituto de Ciências Biológicas)

Cristina ICB

"A docência é uma profissão encantadora, pois exige que estejamos continuamente estudando, mas sobretudo nos possibilita estar constantemente aprendendo. Esse foi o estímulo inicial para eu me tornar professora. A oportunidade de, junto com os estudantes, construir, desconstruir e reconstruir significados, proporciona minha realização pessoal e profissional. O professor é um facilitador do processo de compreensão da realidade. 

Na minha percepção, as mudanças advindas da pandemia da Covid-19 reforçam e ampliam a importância do professor na sociedade. Basta observar o relato dos estudantes e das suas famílias no período em que as escolas e universidades permaneceram fechadas, sem nenhum tipo de atividade. Para a maior parte deles, a ausência do ambiente escolar e da prática docente descortinou o papel sublime e insubstituível dos espaços e dos profissionais da educação na formação de cidadãos capazes de modificar a sua realidade social. Sem dúvida, o principal desafio é a falta do contato pessoal. Como seres sociais que somos, estamos precisando aprender e criar novas formas de nos relacionarmos. Isso dificulta a construção de uma relação pessoal e empática que é indispensável para a aprendizagem efetiva. Outro grande desafio é a sobrecarga de trabalho que estamos vivenciando, uma vez que precisamos construir novos métodos ao mesmo tempo que os estamos implementando. 
O ensino remoto já é em si mesmo uma situação totalmente inesperada. Aliado a ele todos os novos métodos, que ainda não dominamos plenamente, são carregados de surpresas. É um tal de abre câmera, habilita o áudio, fecha a câmera, inicia a gravação, esquece de gravar.... Muitas vezes nos pegamos em situações inusitadas, por exemplo, lanchando com a câmera aberta! Porém, algo que me surpreendeu muito positivamente é a forma como os estudantes estão compreendendo as dificuldades dos professores em relação às tecnologias digitais e até mesmo cooperando com a dinâmica das atividades.
Para os meus queridos e minhas queridas colegas eu quero dizer que a pandemia é só mais um dos muitos desafios. Neste dia do Professor e da Professora, parabenizo pela dedicação, pela força e pela responsabilidade social com que desempenham o seu trabalho, buscando a realização do sonho de uma sociedade justa e igualitária."

Melissa Ameloti Gomes Avelino (Faculdade de Medicina)

Melissa Avelino

A professora Melissa Avelino explica que a docência sempre lhe chamou atenção desde a graduação. "Tinha certeza que para me sentir uma profissional completa, precisava dessa vida acadêmica" e entrou para a UFG em 2010. Confira o depoimento da professora:

 

 

Fonte: Secom UFG

Categorias: destaque Dia do Professor Homenagem Institucional