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Universidade Federal de Goiás
Painel Econômico

PAINEL ECONÔMICO

Em 29/03/21 13:40. Atualizada em 29/03/21 13:40.

Taxa de desocupação tem aumentado em Goiás e fechou ao nível de 12,4% em 2020

Boletim de Conjuntura Econômica de Goiás – N. 131/março de 2021

Os primeiros dados das pesquisas econômicas conjunturais divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, relativos ao ano de 2021, sugerem que a economia goiana não iniciou o ano com uma dinâmica positiva. Em janeiro/2021, as vendas do comércio varejista goiano caíram 5,1% na comparação com dezembro/2020 (feitos os ajustes sazonais) e 0,7% em relação a janeiro/2020; a produção industrial teve queda de 0,5% e de 9,3%, respectivamente, nesses dois períodos; por sua vez, o volume de serviços do estado caiu 3,6% no confronto com o mesmo mês do ano anterior (para o setor de serviços, o IBGE não faz a comparação com o mês imediatamente anterior para o estado de Goiás).
Há poucas dúvidas de que este processo está relacionado a fatores que vêm sendo recorrentes desde o início da pandemia. Acompanhando o movimento nacional, a taxa de desocupação tem aumentado em Goiás e fechou ao nível de 12,4% em 2020 (seu maior patamar desde o início da série da Pnad-Contínua realizada pelo IBGE); com ela, vem caindo a massa de rendimento real do trabalho no estado, com redução de 7,56% no 4º trimestre/2020 na comparação com o mesmo trimestre de 2019, levando ao encolhimento do mercado consumidor goiano. Além disso, a inflação tem se elevado paulatinamente e reduzido ainda mais renda real do trabalho, especialmente dos mais pobres, em razão do maior peso dos alimentos e bebidas no seu orçamento. Em que pese o fato de o IPCA ter fechado, em 2020, no nível de 4,52%, o grupo de alimentação e bebidas atingiu 14,09% no Brasil e 15,39% em Goiânia. Ainda sobre a camada mais pobre da população, repousa com mais ímpeto a interrupção do pagamento do auxílio emergencial, que foi recebido por cerca de 68 milhões de pessoas no país no ano passado e, por aqui, envolveu cerca de 44,0% das famílias.
Quando se analisa com mais detalhes as razões das contrações dos setores de comércio e serviços em Goiás em janeiro/2021, vê-se, por exemplo, que houve queda de 11,4% das vendas realizadas pelos hipermercados e supermercados, justamente um segmento que se destacou no país em 2020, haja vista que sempre esteve entre aqueles autorizados a funcionar durante a pandemia. No caso do setor de serviços, dentre os segmentos analisados pelo IBGE, o que apresentou maior queda no estado foi o dos serviços prestados às famílias, que teve retração de 34,7% em janeiro/2021 na comparação com janeiro/2020, envolvendo estabelecimentos de alojamento e alimentação, atividades culturais, de recreação e lazer, esportivas, serviços pessoais e serviços de educação não continuada.
Muito embora esses dados sejam relativos apenas ao mês de janeiro/2021, não é incorreto supor que dificilmente se terá em Goiás, assim como no Brasil, uma dinâmica muito diferente para a economia em todo o primeiro trimestre desse ano. Tanto o cenário econômico, quanto o pandêmico têm potencial para arrefecer, em grande medida, as expectativas das famílias e dos empresários, comprimindo ainda mais o consumo e o investimento. Uma parte desse processo pode ser revertida pela retomada do pagamento do auxílio emergencial, mas não na magnitude ocorrida no ano anterior, dada a redução não apenas do valor desse auxílio, como também do número de pessoas beneficiadas.
O IBGE acaba de divulgar o IPCA-15, considerado prévia da inflação oficial, e este veio alto novamente (0,93% para o Brasil e 1,40% para Goiânia). Depois dos alimentos em 2020, ao menos até agora, a alta da inflação tem sido causada fundamentalmente pelo aumento dos preços dos combustíveis. Trata-se, portanto, da continuidade da corrosão do poder de compra da população, cujo peso no consumo do PIB doméstico é mais de dois terços dentre todos os elementos da demanda agregada. Não por acaso, na sua última reunião, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu pela elevação da taxa básica de juros da economia, Selic, a qual, dos 2,0% a.a. anteriores, foi alçada a 2,75% a.a. Este movimento parece ter dado início à redução dos estímulos monetários à economia, uma vez que esta foi primeira alta da taxa Selic desde 2015. Não se discute a necessidade de manter a inflação sob controle. O problema é que, como se sabe, tal movimento vai em sentido contrário ao que a economia precisa para gerar emprego e renda.

Boletim de Conjuntura Econômica de Goiás – N. 131/março de 2021. Equipe Responsável: Prof. Dr. Edson Roberto Vieira e Prof. Dr. Antônio Marcos de Queiroz. 

Fonte: Secom UFG

Categorias: FACE Coluna colunista pAINEL eCONOMICO