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Universidade Federal de Goiás
Papo Musical

PAPO MUSICAL

Em 16/04/21 10:28. Atualizada em 16/04/21 10:28.

Tom Jobim (1927-1994): "muito mais do que uma unanimidade, no restrito círculo dos decanos da crítica de jazz mundial"

Gyovana Carneiro*


Tom Jobim (1927-1994)

 

O carioca Antônio Carlos Jobim estudou música com grandes ícones da música de concerto. Entre seus mestres estão o alemão radicado no Brasil, Hans Joachim Koellreutter (1915 – 2005) e Lúcia Branco (1903 – 1973), também professora do pianista Nelson Freire (1944).  


Nelson Freire, olhando para a foto de sua professora Lúcia Branco, entre fotos de Liszt e Guiomar Novaes

 

Outra importante aprendizdo, foi, a partir de 1954, quando contratado pela gravadora Continental, começou fazer seus primeiros arranjos supervisionado pelo grande maestro Radamés Gnatalli (1906 – 1988).

Tom Jobim e Radamés Gnatalli

 

Seu primeiro grande sucesso, na gravadora, foi com a música “Teresa da Praia”, uma parceria com Billy Blanco, gravada em 1954 por Lúcio Alves e Dick Farney. Não por acaso, seu primeiro casamento (1949), foi com uma Teresa, paulista que conheceu na praia aos 15 anos, e com quem, mais tarde teve dois filhos.

“muito mais do que uma unanimidade entre o restrito círculo dos decanos da crítica de jazz mundial”

Antônio Carlos Jobim tocando violão junto à primeira esposa, Thereza Otero Hermanny, e aos filhos Elizabeth Jobim e Paulo Jobim, na Rua Nascimento Silva, 107, em Ipanema.
Autor: Vincent Ciantar – 1959

 

Talvez o maior acontecimento em sua vida, tenha sido encontro com Vinícius de Moraes (1913 – 1980), em 1956. O “Poetinha” andava procurando um músico para trabalhar com sua peça “Orfeu da Conceição”. A obra já existia, Tom a harmonizou e orquestrou. Nascia aí uma das mais importantes parcerias da música popular brasileira.

Tom Jobim e Vinícius de Moraes

 

Seu grande sucesso, “Garota de Ipanema”, marca da parceria Tom e Vinicius, chegando a figurar entre as dez canções mais executadas em todo o mundo. Foi à obra que mais projetou o nome de Jobim no exterior. Garota de Ipanema foi gravada pelos maiores ícones da música internacional, entre eles, Frank Sinatra (1915 – 1998).

Requintado e dono de um rico repertório cultural, Tom Jobim (1927-1994) foi muito mais do que uma unanimidade entre o restrito círculo dos decanos da crítica de jazz mundial. A influência de sua obra alcançou inúmeros músicos populares espalhados no Brasil e ao redor do planeta.

Segundo Leonard Feather (1914-1994), um dos maiores críticos de jazz norte-americano:

Águas de Março, sem dúvida, é uma das cem maiores melodias do século 20. A sensibilidade de Jobim é algo único. Coisa de Mozart e Erik Satie”.

Amante da natureza e deslumbrado por pássaros, compôs poemas líricos dedicados a sabiás, matitaperês e urubus, Jobim foi um apaixonado pela vida. Morreu aos 67 anos, vítima de um câncer de bexiga, em dezembro de 1994.

Tom Jobim

 

Ao completar 41 anos Tom Jobim foi entrevistado por Clarisse Lispector (1920-1977) em matéria publicada pela revista Manchete em 21 de setembro de 1968. Indagado sobre o ato de compor, assim responde Tom Jobim à pergunta: “Como é que você sente que vai nascer uma canção”?

“As dores do parto são terríveis. Bater com a cabeça na parede, angústia, o desnecessário do necessário, são os sintomas de uma nova música nascendo. Eu gosto mais de uma música quanto menos eu mexo nela. Qualquer resquício de savoir faire me apavora”.

Em fevereiro de 2012 Tom Jobim foi homenageado na cerimônia do Grammy pelo conjunto de sua obra e foi o primeiro brasileiro a conquistar tal honraria.

Ouviremos “Fantasia Tom Jobim” em concerto realizado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro em Janeiro de 2014, tendo como solistas: Marcos Nimrichter, piano; Daniel Guedes, violino; Carmem Monarca, canto; com participação do Quinteto Villa-Lobos. A regência é do Maestro Norton Morozowicz com a orquestra Sinfonia Brasil. A obra executada foi especialmente arranjada por Rodrigo Morte

Observe a riqueza desta música. Viva a música brasileira!

 

* Gyovana Carneiro é professora da Escola de Música e Artes Cênicas (EMAC) da UFG

O Jornal UFG não endossa as opiniões dos artigos e colunas, de inteira responsabilidade de seus autores.

Fonte: Secom-UFG

Categorias: colunistas Papo Musical Emac