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Universidade Federal de Goiás
Ilustrativo

Pesquisas da UFG colaboram com a economia sustentável no Cerrado

Em 14/05/21 10:07. Atualizada em 17/05/21 09:23.

Melhoramento genético de plantas modernizam produção agrícola e impactam na conservação do meio ambiente

Talita Prudente (Comunicação PRPG)

A descoberta de técnicas agrícolas primitivas permitiram que o ser humano abdicasse da vida nômade, fato que  deu origem às primeiras civilizações. Naquele período, mesmo sem muitos conhecimentos, os agricultores já selecionavam as melhores variedades de sementes para plantar e colher alimentos de qualidade. Muitos avanços científicos ocorreram de lá pra cá e, atualmente, com o desenvolvimento da ciência genética, é possível transformar o DNA de espécies de plantas para que elas sejam mais produtivas, nutritivas e resistentes a pragas, doenças e mudanças climáticas.

Experiências do tipo são realizadas no Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento de Plantas da UFG (PPGGMP), que, desde 1985, promove  estudos com grandes culturas de arroz, feijão, milho, algodão, sorgo, soja, cana-de-açúcar e eucalipto, localizadas principalmente na região Centro-Oeste. Como os resultados do melhoramento genético dependem do ambiente em que uma determinada espécie será cultivada, o PPGGMP também realiza pesquisas sobre  a conservação de plantas nativas do Cerrado e demais condições ambientais do bioma.

Laboratório de Cultura de Tecidos
Laboratório de Cultura de Tecidos

A pesquisa da doutoranda Laysla Coêlho, sob orientação do professor Thiago Souza, por exemplo, ajudou na obtenção da primeira variedade brasileira de feijão carioca resistente ao crestamento bacteriano, doença que pode causar perdas superiores a 50% na lavoura. Laysla foi indicada ao prêmio Melhoramento para Leigos no 10º Congresso Brasileiro de Melhoramento de Plantas, em 2019.

Já o projeto conduzido pela professora Leila Garcês  originou um bioproduto, obtido a partir do fungo micorrízico encontrado nas raízes de uma orquídea do Cerrado.  O bioproduto é capaz de controlar doenças específicas nas plantações de arroz, tomate, soja e cana-de-açúcar, substituindo o uso de agroquímicos.  O Laboratório de Genética de Microrganismos (LGM) assinou um acordo com a Ballagro Agro Tecnologia para o desenvolvimento dessa tecnologia  em larga escala.

Orientado pelo professor João Batista Duarte e co-orientado pelos pesquisadores Marc Giband (Cirad, França) e João Luis da Silva Filho (Embrapa-Algodão), o doutorando Saulo Muniz Martins propôs a utilização de uma plataforma de fenotipagem radicular para avaliar características de raiz no algodão. Ao associar as características encontradas à marcadores genéticos, foi possível identificar plantas de algodão mais adaptadas à ambientes de estresse.  O projeto foi premiado no 12° Congresso Brasileiro de Algodão e recebeu o Certificado de Reconhecimento Consuni UFG 2019.

O doutorando Leonardo Levorato Freire, orientado pela professora Mara Rúbia Rocha, também entrou na lista de premiados do PPGGMP.  Ele recebeu o ONTA Travel Award 2019, durante o 51° Annual Meeting da ONTA (Organização dos Nematologistas da América Tropical), realizado em San Jose, na Costa Rica. O trabalho dele foi reconhecido por avaliar o quanto um nematoide, microrganismos que vivem no solo e causam danos à plantação, afeta os processos de defesa e de fotossíntese da planta. 

Germoplasma é o conjunto de genótipos de uma espécie que são conservados para uso, por exemplo, em programas de melhoramento.  Bancos de germoplasma correspondem a locais onde são mantidas as coleções de amostras de indivíduos (como DNA) visando conservar a variabilidade genética existente em uma ou mais espécies. Desta forma, os frutos são protegidos da extinção.  

Outro destaque é o  acervo do PPGGMP, que conta  com coleções de germoplasma in vivo de numerosas espécies frutíferas nativas do Cerrado, como a  Caryocar brasiliense (pequi), a Eugenia dysenterica (cagaita), a Hancornia speciosa (mangaba), a Dipteryx alata (baru), a Hymenaea stigonocarpa (jatobá-do-cerrado) e a Anacardium othonianum (caju-do-cerrado). As coletas desse material começaram em 1995 pelo professor Lázaro Chaves e, posteriormente, as professoras Mariana Telles e Thannya Soares ingressaram no projeto. Anualmente os pesquisadores percorrem todo o Cerrado Brasileiro em busca de mais acessos para comporem a coleção.

Impactos

Os métodos utilizados para melhoramento genético das culturas podem ser considerados uma forma ecologicamente responsável de aumento da produção, pois não dependem de novas áreas de plantio, evitando assim o desmatamento. Além disso, a tolerância natural a pragas e insetos reduz a necessidade da utilização de agrotóxicos, o que impede a contaminação do ecossistema. Essa efetividade das lavouras é importante no contexto de  crescimento populacional, pois alia a alta demanda por alimentos à agricultura sustentável.

“Os estudos e tecnologias em genética e melhoramento de plantas trazem benefícios para os produtores agrícolas, consumidores e para a sociedade em geral. São pesquisas que influenciam diretamente o desenvolvimento social e econômico do país”, destaca Marcela Pedroso Mendes Resende, subcoordenadora do PPGGMP.  Entre outras vantagens pode-se destacar a redução das dependências de importação de alimentos e a colheita de produtos com características físicas mais atraentes, como as espécies sem sementes.

Parcerias 

Marcela Mendes conta que além da interação com a Embrapa, Emater e diversas universidades brasileiras, os professores do PPGGMP desenvolvem projetos em parceria com instituições internacionais na França, China, Colômbia, Estados Unidos e Uganda. “Muitos dos nossos projetos são conduzidos com o apoio das empresas Syngenta, Ballagro, Bayer, FMC, Farroupilha, Corteva e Alltech. Em 2020, o Grupo de Estudos formado por discentes do PPGGMP (EuGeM) entrou para o rol de grupos apoiados e patrocinados pela Corteva Agriscience, empresa multinacional importante no agronegócio, que apoia estudantes do mundo todo, fazendo parte do evento global 'Plant Sciences Symposia Series'”, revela ela orgulhosa.

O programa  também faz parte da Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (RIDESA), principal núcleo de pesquisa em cana-de-açúcar no Brasil. Atualmente, as variedades de cana da Ridesa são cultivadas em mais de 65% da área com cana-de-açúcar no país, uma contribuição de cerca de 12,3% na matriz energética do Brasil. São 313 empresas envolvidas, que representam  cerca de 75% das entidades brasileiras produtoras de cana, açúcar, etanol e bioeletricidade. 

Ingresso

Atualmente o PPGGMP está com dois editais abertos. Um deles é o número 05/2021, do Programa de Mestrado e Doutorado Acadêmico para Inovação (MAI/DAI - UFG), que busca o envolvimento de estudantes de pós-graduação em projetos de interesse do setor empresarial. 

O Edital oferece uma bolsa de doutorado com orientação do professor Alexandre Siqueira em parceria com a empresa Jalles Machado S.A. para condução do projeto intitulado “Desenvolvimento de modelos de

predição de características físico-químicas de colmos de cana-de-açúcar utilizando espectrometria do infravermelho próximo (NIRS)”. As inscrições para o edital MAI/DAI-UFG vão até 24 de maio.

Outra possibilidade de ingresso é o edital geral  do processo seletivo do PPGGMP , que oferece sete vagas de Mestrado e sete vagas de Doutorado nas três linhas de pesquisa do programa: Genética e Genômica de Plantas, Melhoramento de Espécies Cultivadas e Conservação e Melhoramento de Espécies Vegetais Nativas do Cerrado. As inscrições para o edital geral vão até o dia 26 de maio. 

Ambos os editais podem ser acessados no site do PPGGMP (https://ppggmp.agro.ufg.br/).

Categorias: Institucional PRPG