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Universidade Federal de Goiás
Painel Econômico

PAINEL ECONÔMICO

Em 14/10/22 14:51. Atualizada em 04/01/23 14:11.

Ainda há dúvidas sobre o comportamento da economia no restante do ano

Boletim de Conjuntura Econômica de Goiás – Nº 149, setembro de 2022

Em geral, a inflação inicia o ano com índices mais elevados, diminui a partir de maio, e volta a subir a partir de agosto ou setembro. Diferentemente desse movimento, nesse ano, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA fechou o mês de setembro com deflação de 0,29%, configurando a menor taxa para um mês de setembro da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, iniciada em janeiro de 1981. Com isso, o indicador divulgado pelo Instituto, e utilizado pelo Banco Central meta para a inflação do país, apresentou sua terceira queda consecutiva.

Entre os nove grupos de produtos e serviços divulgados pelo IBGE, o maior recuo foi registrado pelo grupo de Comunicação (-2,08%), mas este possui peso de apenas 5,05% no cálculo do IPCA. Novamente, o grupo de Transportes foi o que mais impulsionou a queda do IPCA, na medida em que possui o segundo maior peso no cálculo do indicador (20,79%, ficando atrás apenas do grupo de Alimentação e bebidas, com peso de 21,85%) e apresentou queda de 1,98%. Essa queda foi provocada pelos preços dos combustíveis, que acumulam recuo de 24,67% em 2022, por conta fundamentalmente da redução do ICMS, ocorrida a partir do final de junho desse ano.

Embora a Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados) tenha aprovado a redução da produção de petróleo visando manter os preços do produto pressionados, as políticas anti-inflacionárias praticadas por muitos países neste momento, como os EUA e a União Europeia, estão provocando uma onda de revisões das projeções de crescimento da economia mundial, com ajustes para menor, dado o aumento das taxas de juros e seus decorrentes impactos sobre o consumo das famílias e os investimentos das empresas. Com isso, os preços de algumas commodities, embora continuem altos, especialmente em razão do conflito entre Rússia e Ucrânia, parecem tenderem agora para um movimento de redução.

Os dados do IPCA mostram que o grupo de Alimentação e bebidas, que vem pressionando a inflação, apresentou sua primeira queda desde novembro/2021, variando -0,86%. O preço do óleo de soja, por exemplo, que até agosto/2022 acumulava alta de 19,7% nos últimos doze meses, caiu 6,3% em setembro/2022. No caso do leite longa vida, que vinha contribuindo muito para elevar a inflação, registrou queda de 13,71%, mas a alta acumulada nos últimos 12 meses terminados em agosto/2022 era de 60,81%.

A despeito de ainda acumular alta de 11,71% nos últimos 12 meses, a queda dos preços médios do grupo de Alimentação e bebidas é importante, sobretudo, para aliviar a situação das pessoas mais pobres, que têm nesse grupo uma das principais causas da perda do seu poder de compra. Isso parece estar estimulando as vendas dos hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo no país, como mostram os últimos dados da Pesquisa Mensal de Comércio – PMC, do IBGE. 

Contudo, os dados dessa mesma pesquisa sugerem que as vendas de produtos que dependem mais de crédito, como de eletroeletrônicos, estão desaquecidas por conta do aumento dos juros internos, promovido justamente para combater a inflação. Desde março do ano passado, a taxa básica de juros da economia brasileira, Selic, aumentou 11,75 pontos percentuais, passando de 2,0% para 13,75%.
A despeito de ter ocorrido melhora do mercado de trabalho, os últimos dados do IBGE revelam que as vendas do comércio varejista em geral apresentaram a terceira queda consecutiva na passagem do mês de julho/2022 para o mês de agosto/2022, na comparação com o mês anterior. Nesta base de comparação, a produção industrial tinha se recuperado em julho/2022 da queda registrada em junho/2022, mas voltou a cair em agosto/2022. O setor de serviços parece ser o que vem sustentando a dinâmica do mercado de trabalho nesse momento, já que representa cerca de dois terços do PIB (quando considerado pelo lado da oferta) e registrou a quarta alta consecutiva, ainda que em menor ritmo do que vinha ocorrendo nos meses anteriores, como mostra a Pesquisa Mensal de Serviços – PMS, do IBGE.

Tudo isso impõe dúvidas acerca do comportamento da economia brasileira no restante do ano.

Boletim de Conjuntura Econômica de Goiás – N. 149/setembro de 2022.

Equipe Responsável: Prof. Edson Roberto Vieira e Prof. Dr. Antônio Marcos de Queiroz.

Fonte: Secom UFG

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