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Universidade Federal de Goiás
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Pesquisadores da UFG identificam duas novas ocorrências de plantas em Goiânia

Em 01/12/22 11:03. Atualizada em 06/12/22 10:55.

Uma das espécies foi registrada pela primeira vez no continente americano

Carolina Melo

Duas novas espécies de plantas foram encontradas pela primeira vez em solo goiano. Uma delas, inclusive, ainda não havia tido registro do gênero no Brasil e da espécie no continente americano. A identificação da Blumea axillaris, planta da família das margaridas, e da Pontederia reflexa, da família do aguapé, ocorreu por meio do trabalho de campo dos pesquisadores da UFG em parques de Goiânia, no setor Jaó. As amostras foram coletadas e serão depositadas no acervo do herbário da Universidade.

Blumea axillaris
Blumea axillaris foi encontrada nos parques Maracanã e Liberdade (Fotos: arquivo pessoal)

Natural de Madagascar e com ocorrência em áreas perturbadas de alguns países da Ásia e da África, a espécie Blumea axillaris, pertencente à família das margaridas e girassóis, foi coletada e registrada inicialmente em dois parques municipais, o Parque Maracanã e o Parque Liberdade. “A descoberta é  muito interessante, pois se trata do primeiro registro da espécie para o continente americano e o primeiro do gênero Blumea para o Brasil”, afirma o professor do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFG, Aristônio Magalhães Teles. Uma curiosidade é que se trata de uma espécie encontrada em populações pequenas e isoladas, que tem preferência por lugares úmidos e se comporta como invasora de áreas naturais, explica o professor. “E está começando a se estabelecer em solo brasileiro e pode trazer problemas futuros, uma vez que espécies exóticas invasoras constituem uma das principais ameaças à diversidade biológica”, afirma.

Já a espécie aquática Pontederia reflexa foi descrita pela primeira vez no ano de 2020 e seu habitat natural foi identificado como sendo os lagos e lagoas temporárias na América do Sul, no nordeste do Brasil (Ceará, Maranhão, Piauí) e Pantanal (Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), além de Bolívia e Paraguai. Os pesquisadores da UFG encontraram a espécie em uma área brejosa no Parque Beija-flor, também no setor Jaó. A espécie chamou atenção por suas flores alvas que se destacavam na vegetação. “O registro preenche uma lacuna no conhecimento sobre a distribuição geográfica da espécie e, agora, sabemos que ocorre também no domínio fitogeográfico do Cerrado, em Goiás”, observa o professor Aristônio.

Pontederia reflexa
Pontederia reflexa foi identificada numa área brejosa do Parque Beija-flor

A identificação das duas espécies de plantas em solo urbano goiano, de acordo com Aristônio Teles, demonstra “o quanto a flora urbana é negligenciada em estudos de flora e como essas áreas verdes desempenham um papel importante na conservação de espécies”. Goiânia é uma capital privilegiada nesse sentido. Comporta ao todo 42 parques, com áreas verdes e diversidade de flora ainda pouco explorada.

O motivo pelo qual os pesquisadores da UFG direcionaram o olhar e a investigação para os parques da capital foi, na verdade, a pretensão de encontrar saídas para as pesquisas de campo num cenário de cortes no orçamento da Universidade. “Sempre trabalhamos com a flora nativa de áreas com formações vegetacionais naturais. Mas, por conta do corte de verbas para pesquisa na Universidade e a impossibilidade de viagens para expedições em áreas mais longínquas, terminamos por direcionar os nossos estudos para as áreas verdes urbanas”, conta o professor Aristônio Magalhães Teles. As atividades de ensino, pesquisa e extensão passaram, então, a ser direcionadas para os parques da capital, “muitos dos quais guardam o aspecto original da vegetação”.

Projeto de extensão

O projeto "Implementação do Parque Municipal Maracanã – Iolane Prudente Marques" oferece suporte técnico para a efetivação do parque no Jaó, que existe por decreto municipal desde a década de 1950, mas ainda não foi implementado. Entre as ações do projeto estão o levantamento da avifauna, da infraestrutura, ações de educação ambiental e levantamento florístico, e foi justamente durante esse levantamento que os pesquisadores encontraram a Blumea axillaris. “Já a Pontederia reflexa foi registrada durante coletas para o trabalho de iniciação científica de um acadêmico”, afirma Aristônio Teles.

Fonte: Secom UFG

Categorias: Ciências Naturais destaque