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Universidade Federal de Goiás

ARTIGO: O uso e abuso de drogas entre Universitários

Em 24/06/13 16:44. Atualizada em 21/08/14 11:46.

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Publicação da Assessoria de Comunicação da Universidade Federal de Goiás 
ANO VII – Nº 59 – JUNHO – 2013

O uso e abuso de drogas entre universitários

Texto: Sandra Rocha e Camila Cardoso | Fotos: Carlos Siqueira

artigo

 

Pesquisas demonstram que a entrada na universidade é um período crítico de vulnerabilidade para o início e a manutenção do uso de álcool e outras drogas. Segundo o Levantamento Nacional sobre uso de álcool, tabaco e outras drogas entre universitários, realizado em 2010 pelo Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) em parceria com a Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (Senad) e o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), 49% dos universitários pesquisados já experimentaram alguma droga ilícita pelo menos uma vez e 80% dos entrevistados com menos de 18 anos já afirmaram ter consumido bebida alcoólica.

Os autores do estudo apontam que a população universitária é uma amostra da população geral interessante de ser estudada epidemiologicamente, pois a saúde mental dos estudantes pode ser um fator diferencial nas Instituições de Ensino Superior (IES), cada vez mais competitivas. Infelizmente, esse mesmo ambiente universitário pode também facilitar algumas condutas que venham a lhes proporcionar problemas futuros, como o consumo abusivo de álcool e outras drogas e adoção de comportamentos de risco.


Outros estudos também apontam o maior uso de “medicamentos com potencial de abuso” nos últimos anos da faculdade. Estudos coordenados por Henriette Mesquita, Florence Kerr-Corrêa e Arthur Guerra de Andrade observaram maior uso de tranqüilizantes entre os alunos do sexto ano de uma faculdade de medicina do que entre os alunos dos primeiros anos de curso. Eles levantaram a hipótese de que o maior uso de “medicamentos com potencial de abuso”, em especial os tranqüilizantes nos últimos anos de graduação, pode ser devido ao estresse no final do curso, sobrecarga de plantões e proximidade do exame de residência.


Entre os estudos de comportamento sobre o consumo de álcool por estudantes universitários, o estudo coordenado por Ana Carolina Peuker mostrou que a população universitária apresenta padrões típicos de uso de álcool e fatores de risco que diferem da população geral, sendo o consumo dessa substância sempre favorecido de forma indireta. Isso porque ela se influencia mutuamente em termos de beber, pela modelagem, pela imitação ou pelo reforçamento do comportamento de beber. A seleção dos colegas, a escolha do tipo de substância, o padrão de uso e a forma como o consumo de seus pares são percebidos influenciam diretamente no perfil do universitário bebedor e representam fatores de risco importantes. Faz necessário destacar que neste trabalho se constatou que 44,2% dos participantes poderiam ser caracterizados como bebedores problema.


Por meio de breves comparações entre os resultados do Levantamento Nacional em 2010 com outros levantamentos, pode-se sugerir que: o uso de substâncias psicotrópicas (especialmente ilícitas) é mais frequente entre os universitários que pela população geral; apesar do maior uso abusivo do álcool, a dependência ainda é maior na população geral, do que na universitária.Estudos indicam que existe uma relação entre o consumo de drogas pelo universitário e seu desempenho escolar. Esse fato ressalta a importância da existência dos núcleos de apoio psicológico e pedagógico que atendam, orientem e encaminhem os alunos com problemas (no desempenho acadêmico ou com conflitos intra e inter-relacionais) para uma rede de cuidados.


Embora existam evidências que experiências com drogas ocorram dentro dos câmpus universitários, a presença de projetos de prevenção e assistência em relação ao uso abusivo de substâncias psicoativas, não se configura como uma exigência legal. Entre as estratégias sugeridas pelo Office of Safe and Dug-free do U.S. Department of Education pode-se destacar a realização de: atividades extracurriculares que não incluam álcool e outras drogas; aumento do padrão acadêmico com mais tempo de estudo extraclasse e maior contato com os professores; manter bibliotecas e instalações de lazer abertas por mais tempo; limitar a disponibilidade de álcool e outras drogas dentro do câmpus e proximidades; lançar campanhas de mídia para informar a comunidade acadêmica; informar os pais quando os alunos envolverem-se com o uso e abuso de álcool e outras drogas.


Para que um programa de prevenção tenha bons resultados há necessidade de atuação em múltiplas frentes e de toda a comunidade. A adesão de todos esses setores dá legitimidade e efetividade ao processo. As estratégias não devem ser aplicadas como um padrão, mas devem ser elaboradas e adaptadas à realidade de cada instituição educativa, em uma construção coletiva com outros setores, como a rede de saúde pública, assistência social, segurança e desporto.

*Sandra Rocha do Nascimento-professora EMAC
**Camila Cardoso Caixeta-professora FEN

 

Categorias: artigo drogas prevenção

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