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Universidade Federal de Goiás

Transtornos alimentares: comprometimento da funcionalidade do corpo

Em 13/08/13 11:44. Atualizada em 24/11/14 14:13.

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Publicação da Assessoria de Comunicação da Universidade Federal de Goiás 
ANO VII – Nº 60 – JULHO – 2013

Transtornos alimentares: comprometimento da funcionalidade do corpo

Fatores psicológicos são os principais causadores dos transtornos alimentares

Texto: Laura Braga | Fotos: Carlos Siqueira

Os transtornos são doenças psiquiátricas, com origem em fatores psicológicos, metabólicos, biológicos, familiares ou socioculturais.  De uma forma geral, eles comprometem a funcionalidade humana, e os que estão relacionados aos hábitos alimentares não são diferentes. Eles se caracterizam por alterações significativas do comportamento alimentar, atingindo principalmente pessoas na adolescência, fase em que sofrem adaptações corporais e sociais, envolvendo a convivência escolar, em família e tantas outras mudanças naturais desse período.

Distúrbios alimentares estão relacionados à dieta (restrição ou excesso de ingestão de alimentos). Sabe-se que isso não se deve apenas aos modismos, mas que a pressão cultural para a magreza, a insatisfação com a própria imagem e a preocupação com o peso podem contribuir, ao lado de outros fatores, para o aumento da vulnerabilidade, podendo levar o indivíduo a iniciar uma dieta de forma equivocada. Mas ela por si só também não constitui uma condição suficiente para desencadear um distúrbio alimentar. Segundo especialistas do Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo (Ambulim), 0,5% a 1% da população mundial sofre de transtornos alimentares.

As disfunções da alimentação têm ganhado grande destaque na mídia, chegando ao conhecimento popular alguns casos de total descontrole na saúde, que podem desencadear gravíssimas complicações ou até mesmo a morte. Segundo a professora do curso de Psicologia da Universidade Federal de Goiás (UFG), Sandra Barboza, entre os transtornos alimentares, os mais frequentes são a anorexia e a bulimia nervosas, a hiperfagia e, mais recentemente, a ortorexia e a vigorexia.

Transtornos alimentares
Entre os transtornos alimentares, os mais comuns são a anorexia e a bulimia nervosas, a hiperfagia, a ortorexia e a vigorexia

A anorexia nervosa pode ser definida como a recusa da manutenção do peso corporal em uma faixa normal. Nesses casos, as pessoas têm uma perda rápida e excessiva de peso, podendo chegar em casos extremos, à desnutrição, à distúrbios endocrinológicos como a amenorreia (falta de menstruação), pois elas param de comer.

Já a bulimia nervosa é caracterizada como episódios repetidos de compulsões alimentares e comportamentos compensatórios inadequados, como o uso de laxantes, diuréticos, remédios que induzem ao vômito, jejuns, e uma busca frenética em queimar as calorias adquiridas. Quem sofre com a bulimia, ao contrário da anorexia, não perde peso rapidamente, as pessoas continuam se alimentando, e assim, elas têm um diagnóstico mais difícil, mas podem sofrer por anos. De acordo com a professora, essas duas doenças causam distorções da imagem corporal e juntas atingem a proporção de nove mulheres doentes para cada homem.

Em relação a hiperfagia ou compulsão alimentar, a proporção, segundo Sandra Barboza, é de três mulheres para dois homens. As pessoas com esse tipo de transtorno fazem a ingestão descontrolada e compulsiva de alimentos, que está ligado a obesidade.

A ortorexia é a obsessão por uma alimentação saudável, e apesar de ainda pouco conhecida, preocupa, pois ameaça a saúde do corpo e a saúde mental. A preocupação exagerada com as calorias, as propriedades, e os rótulos dos alimentos desvia a atenção do que é mais importante, a saúde do próprio corpo.

A vigorexia por sua vez é a obsessão pelo corpo perfeito, e tem atingido muitos jovens do sexo masculino, que para atingir tal objetivo, acabam por utilizar suplementos alimentares e esteroides em excesso, associados a uma atividade física intensa.

Prevenção – Para a professora Gina Bueno, do Departamento de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), o que precisa ser trabalhado e colocado como prioridade é a prevenção desses transtornos. Segundo ela, enquanto o tratamento for mais importante que a prevenção, implica que a cadeia ainda está frágil e a população não aprendeu a ter um comportamento alimentar adequado.  Para Gina Bueno, a prevenção é o ensinamento de uma boa alimentação, com a função única de nutrir o corpo. Ela afirma que para a ocorrência dessa prevenção, há a necessidade não apenas de políticas públicas, mas de reformulação das grades curriculares dos profissionais que atuem nesse campo.

De acordo com a professora, os psicólogos e nutricionistas precisam ensinar o comportamento alimentar apropriado antes mesmo da vida uterina, para que o relacionamento e as práticas sejam reforçadas. Enquanto a posição dos profissionais for apenas de tratamento, os pacientes continuarão vulneráveis.

Tratamento – Os tratamentos para os transtornos alimentares são específicos em cada caso e feitos quase sempre por equipes multidisciplinares, compostas geralmente por médicos, psicólogos e nutricionistas.

Os pacientes são diagnosticados, e depois passam por análises singulares de cada situação, acompanhamento familiar, terapias, e acompanhamento nutricional para reaprenderem a ter um padrão de alimentação saudável.

Alimentação saudável

De acordo com especilistas, o estímulo ao comportamento alimentar saudável deve surgir na infância

Promoção da alimentação saudável

A formação alimentar tem grande importância desde a infância, pois os hábitos inadequados adquiridos nessa fase da vida podem ter consequências negativas de forma imediata e também na vida adulta.

De acordo com a nutricionista do Centro Colaborador de Alimentação e Nutrição Escolar (Cecane-UFG) Mariana Cordeiro, por ser um local de constante construção de conhecimento, a escola se torna um ambiente estratégico para a promoção da alimentação saudável. Segundo ela, com a inserção da temática ‘alimento/alimentação’ saudável no currículo escolar, o desenvolvimento de ações que estimulem a aproximação dos estudantes com tal prática, além da própria influência do grupo no convívio escolar, podem contribuir em escolhas alimentares positivas.

Ainda de acordo com Mariana, trabalhar a visão crítica desde a infância pode ser um aspecto importante no estímulo do comportamento alimentar saudável e na prevenção de certos transtornos alimentares, já que a alimentação também tem uma carga simbólica com influência de fatores culturais, sociais e da mídia.

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