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Universidade Federal de Goiás

Amamentação: “A dificuldade não está no corpo, está na mente”

Em 26/02/15 15:38. Atualizada em 03/03/15 11:37.

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Publicação da Assessoria de Comunicação da Universidade Federal de Goiás 
ANO XI – Nº 70 – Março – 2015

Amamentação:  “A dificuldade não está no  corpo, está na mente”

Especialista explica que dificuldades enfrentadas por muitas mães são de origem psicológica e que a amamentação exclusiva de leite materno ainda não atinge 40% no País

Texto: Angélica Queiroz |  Fotos: Carlos Siqueira

 

 

 Amamentação infantil

 Mamaço para incentivar o aleitamento materno foi um dos destaques do 3º Congresso Brasileiro de Enfermagem Neonatal

 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza que todos os bebês sejam amamentados exclusivamente com leite materno até os seis meses de vida. Graças às campanhas feitas pelo Ministério da Saúde (MS), muitas pessoas sabem dessa recomendação. No entanto, o que parece simples e é mostrado sempre de forma bonita, como um ato de amor, é um sofrimento para muitas mães, especialmente para as de primeira viagem. Elas sofrem e se sentem inseguras, rodeadas de inúmeras informações e “conselhos”, nem sempre verdadeiros.

Sebastião Leite Pinto, pediatra e professor da Faculdade de Medicina (FM) da Universidade Federal de Goiás (UFG), é especialista no assunto e conversou com o Jornal UFG sobre a importância do apoio às mães nesse momento tão delicado. Segundo ele, grande parte dos problemas enfrentados pelas mães que não conseguem amamentar é de origem psicológica. “Se houve a gestação, a mãe produz leite. A maioria tem leite, mas a sensação e o medo de não conseguirem alimentar seus filhos são fatores que afetam a amamentação. A dificuldade não está no corpo, está na mente”, afirmou.

O pediatra explica que existe um hormônio chamado ocitocina ou oxitocina, responsável por estimular a liberação do leite materno e que o medo, a depressão, o estresse e outros fatores podem bloquear a produção desse hormônio. Por isso, algumas mães acreditam não ter leite, o que, na maioria dos casos, não é verdade. A não fabricação do leite pode ocorrer apenas em casos raros, quando, por alguma deficiência, o organismo da mãe não tem prolactina, hormônio responsável pela produção do leite.

10 motivos para amamentar

 

“A pessoa que dá ‘conselhos’ acha que está ajudando, mas só atrapalha”

Ser magra, ter seios pequenos, ter alguém na família que não conseguiu amamentar ou ter prótese de silicone não são fatores que influenciam diretamente na amamentação, mas muitas pessoas dizem o contrário. Para Sebastião Leite, esses mitos acabam atrapalhando. “O silicone, por exemplo, se bem colocado, não influencia na amamentação. Porém, há aquelas que acreditam que a mãe com prótese não consegue amamentar. Se a mãe colocar na cabeça que não dará conta, não dará mesmo”, esclareceu.

Para o professor da Faculdade de Medicina, as mães precisam de apoio da família, dos amigos e da sociedade para conseguirem alimentar o bebê até os seis meses exclusivamente com leite materno. “Muitos colocam várias coisas na cabeça da mãe. A pessoa que dá conselhos acha que está ajudando, mas só atrapalha”, advertiu Sebastião Leite.

O pediatra ressalta que não há segredos, além da tranquilidade e uma dieta saudável. Segundo ele, alguns alimentos, como o milho, podem auxiliar a produção do leite, mas não é necessário mudar a dieta. “A mãe deve comer e se hidratar normalmente, até ficar saciada”, ensinou. Além disso, o médico lembra que conselhos populares, como o de passar bucha no seio antes de amamentar, não são recomendados: “Durante a gravidez, a recomendação é não passar nada na auréola, nem no mamilo”.

 

“Se houve a gestação, a mãe produz leite. A maioria das mães tem leite, mas a sensação e o medo de não conseguirem alimentar seus filhos afetam a amamentação.”

 

Amamentação exclusiva até os seis meses ainda é menor que 40%

Bebês amamentados exclusivamente com leite materno ficam menos doentes e são mais bem nutridos do que aqueles que ingerem qualquer outro tipo de alimento. O leite materno ajuda a proteger o bebê contra diversas doenças, como infecções no ouvido e no pulmão. Nenhum outro alimento oferece tal proteção. Além disso, a amamentação diminui os riscos de câncer de mama e de ovário na mãe.

Por todos esses motivos, outros alimentos, inclusive a água, não são necessários antes do sexto mês de vida. No entanto, mesmo as mães que não têm dificuldades na hora da amamentação acabam introduzindo outros alimentos na dieta do bebê antes do período, o que, além de desnecessário, pode ser um risco para a criança. As taxas de aleitamento exclusivo no Brasil até os seis meses, apesar de crescerem ano a ano, ainda não ultrapassam os 40%. Segundo Sebastião Leite, esse número se deve, principalmente, às facilidades para a mãe, à falta de apoio por parte das empresas e à pressão das pessoas.

“Quando está calor, por exemplo, as pessoas falam que o bebê está com sede e a mãe acaba dando água. Isso não é necessário. O leite materno supre todas as necessidades do bebê até os seis meses”, ressaltou o médico. Ele explica que, nesse caso, o problema não é a água, mas a introdução da mamadeira. “Ocorre o que chamamos de confusão de bico, porque o processo de sucção no peito é mais difícil e, muitas vezes, o bebê não consegue mais mamar na mãe”, disse. Por esse motivo, o pediatra aconselha as mães que precisem por algum motivo dar outro líquido aos bebês a utilizarem uma colher ou copo, evitando que a criança se confunda.

De acordo com Sebastião Leite, a criação de salas de amamentação nas empresas pode ajudar as mães que trabalham, mas muitas companhias ainda não “compraram” a ideia. Se a empresa não oferece local adequado, a mulher pode fazer a ordenha sozinha, basta utilizar um frasco limpo e manter o leite na geladeira ou caixa térmica.

 

 médico Sebastião Leite orienta mães, como Camila Susana Santos Silva, a serem doadoras no Banco de Leite da Maternidade Nascer Cidadão

O médico Sebastião Leite orienta mães, como Camila Susana Santos Silva, a serem doadoras no Banco de Leite da Maternidade Nascer Cidadão

 

Doação pode salvar vidas

A garçonete Camila Susana Santos Silva, mãe da pequena Gabriele, é uma exceção: seu leite sobra. Por isso, ela resolveu ajudar outras mães, tornando-se doadora do Banco de Leite Humano da Maternidade Nascer Cidadão, um dos dois existentes na capital (o outro fica no Hospital Materno Infantil e há ainda um posto de coleta na Maternidade Dona Íris). “Tenho muito leite e é bom doar, porque, além de ajudar, não desperdiça”, relatou Camila Susana.

Sebastião Leite, diretor do Banco de Leite da Nascer Cidadão, explica que as doadoras são poucas e que essas mulheres precisam passar por avaliação médica para ver se o leite é mesmo excedente. Ele lembra que o leite é pasteurizado no Banco e perde nutrientes, mas ainda assim é mais adequado ao organismo do bebê do que o leite de outros animais. O médico, no entanto, conta que não há quantidade suficiente de leite para mandar para as casas e ajudar mães com dificuldade. “Só temos leite para o uso no próprio Banco e nas UTIs neonatais da cidade”, detalhou. Segundo ele, quando uma mãe procura o Banco de Leite, os profissionais tentam orientá-la para que ela fique tranquila e consiga dar leite ao seu bebê.

 

BANCOS DE LEITE EM GOIÂNIA

Maternidade Nascer Cidadão
Avenida Oriente, s/n,
Jardim Curitiba III - Goiânia - GO
Tel.: 62-3595-5833

Hospital Materno Infantil de Goiânia
Rua R-7, s/n, Setor Oeste
Goiânia - GO
Tel.: 62-3956-2921

 

 

 

 

Fonte: Ascom UFG

Categorias: Amamentação leite materno banco de leite