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Universidade Federal de Goiás

Transpondo o Atlântico

Em 23/11/15 10:27. Atualizada em 25/11/15 08:39.

 

 

Transpondo o Atlântico

Estudantes do continente africano fazem ensino superior na UFG por meio de convênio entre Brasil e países do Sul

Texto: Wanessa Olímpio | Fotos: Lorena Ribeiro | Ilustração: Eurípedes Júnior

 

Brasil África 

 

Cursar uma graduação em outro país e conhecer uma nova cultura são as expectativas de muitos estudantes estrangeiros que vêm para a Universidade Federal de Goiás. Alguns deles saíram de países africanos e ingressaram na Universidade pelo Programa de Estudantes Convênio de Graduação (PEC-G), uma parceria entre o Brasil e países africanos, asiáticos e latino-americanos, que conta atualmente com 40 estudantes na UFG.

 

O PEC-G, que completou 50 anos em 2014, visa oferecer cursos de ensino superior gratuitamente para pessoas dos países do Sul. São firmados convênios entre instituições federais, estaduais e particulares brasileiras e as embaixadas dos países do Sul. O candidato deve ter preferencialmente entre 18 e 23 anos, ensino médio completo e declarar que consegue se manter financeiramente no Brasil. Sendo aprovado, ele tem a permissão de permanecer no país até o término da graduação. “Por ser uma seleção internacional, é uma modalidade de ingresso disputada”, afirmou o coordenador de Inclusão e Permanência, da Pró-Reitoria de Graduação da (Prograd), Jean Baptista, responsável pela coordenação do PEC-G na UFG.

 

 Semana da África

Semana da África ocorre anualmente na UFG e tem se consolidado como um espaço de esclarecimento sobre o continente 

 

Chegada

 

Alguns estudantes estrangeiros, ao chegarem no Brasil, se sentem apreensivos e desprotegidos por estarem em um país novo. “Existem pessoas muito diferentes aqui na Universidade, que trazem histórias de vida muito distintas. E, no caso dos estudantes estrangeiros, o desafio envolve a adaptação a uma sociedade e a uma cultura diferente da deles. Em alguns casos, inclusive, não falam português como a língua nativa,” afirmou o pró-reitor de Graduação, Luiz Mello.

 

Muitos problemas e desencontros já ocorreram, acrescentou Saturnina da Costa, estudante do curso de Ecologia e Análise ambiental e proveniente da Guiné-Bissau. Segundo ela, uma moça que veio do seu país foi de Brasília a Uberlândia de táxi, pois o motorista disse que não havia ônibus para Minas Gerais.

 

Para evitar imprevistos na chegada, desde o início deste ano, a coordenação de Inclusão e Permanência vem contactando os estudantes a partir do momento em que são selecionados no PEC-G, antes mesmo deles marcarem a viagem para o Brasil. Eles também são recebidos no aeroporto, e convidados para conhecer a universidade e os serviços que existem. “São, também, vinculados ao Programa de Acompanhamento Acadêmico, criado pela Prograd em 2014, onde são ofertados Núcleos Livres, suporte psicopedagógico e um acompanhamento individual atento às demandas particulares de cada acadêmico”, salientou Jean Baptista. A Prograd também criou o Espaço de Convivência, localizado no segundo andar do Centro de Convivência da UFG, no Câmpus Samambaia, Regional Goiânia, onde concentram-se ações e atendimentos ofertados pela Universidade para esses e outros acadêmicos.

 

Essa iniciativa tem a intenção de deixá-los mais à vontade com o novo ambiente. “Possibilitar a integração desses estudantes é uma das metas do programa. Para que esse estudante não fique isolado, sobretudo durante o primeiro ano, considerado pelos veteranos como o mais difícil. Pretende-se promover sua integração com os demais estudantes, por meio de um contato mais caloroso e positivador das diferenças”, acrescentou o coordenador de Inclusão e Permanência.

  

 

 

 Trança cabelos Dança África

Durante Semana da África 2015, diversas oficinas valorizaram a cultura africana 

 

Mudança de ares

 

A estudante Saturnina da Costa ficou sabendo do PEC-G por meio de um primo que a convidou para participar do processo de seleção. A intenção era fazer o curso de Engenharia Ambiental em Brasília ou em Fortaleza, mas foi encaminhada para Goiânia. “A embaixada envia a documentação para uma banca de seleção coordenada pelo Ministério das Relações Internacionais do Brasil. Se não for ofertado o curso almejado nas cidades escolhidas, o candidato é encaminhado para outra cidade que tenha vaga disponível e que possa recebê-lo,” explica a estudante.

 

Inserir-se em uma nova cultura pode levar um tempo até a adaptação com as particularidades locais: “No meu país, o básico não é feijão, lá eu como uma ou duas vezes no ano, quando tem feijoada. Eu estranhei algumas coisas, como banana frita, que nunca havia comido”, conta a estudante de Ecologia e Análise Ambiental.

 

A língua falada no Guiné-Bissau é o português, mas a estudante sentiu uma certa dificuldade com as particularidades brasileiras. “Quando eu cheguei aqui, eu falava tão rápido que às vezes a pessoa falava: o quê? Não estou entendendo nada. Agora eu estou falando um pouquinho mais devagar e as pessoas me entendem. As pessoas acham que eu falo errado, e eu acho que vocês é que falam errado”, acrescentou Saturnina da Costa.

 

Outra estudante que ingressou na UFG pelo PEC-G foi a cabo-verdiana Osvaldina Soares. Ela está no 6º período do curso de Biotecnologia. Contou que estava no ensino médio quando soube que poderia disputar uma vaga de curso de graduação em outros países. “Eu concorri para Portugal e Brasil, e consegui a vaga para Goiânia e vim,” informou Osvaldina Soares.

 

Quanto à adaptação ao Brasil, Soares afirmou que o que mais a afetou foi o clima.“O verão aqui é diferente do meu país. Aqui quando faz frio é mais intenso e, como eu sou asmática e Goiás é muito seco, isso me afetou muito.” Quanto à alimentação, foi tranquilo, “Tem comida que é muito parecida com as nossas. Mas eu experimentei muita coisa nova, tapioca e pamonha, que eu amei. Como quase todo final de semana,” afirma a estudante de Biotecnologia.

 

Bolsas

Existem duas modalidades de bolsa, no valor de R$ 622,00, que os estudantes que fazem parte do PEC-G podem concorrer. Uma é a do Projeto Milton Santos de Acesso ao Ensino Superior (Promisaes), que é anual e é ofertada pelo Ministério das Relações Exteriores e pelo Ministério da Educação. Os estudantes PEC-G concorrem entre si e o critério de classificação é por média global, IDH do país de origem, atuação acadêmica, entre outros aspectos. A UFG possuí 18 bolsas nesta modalidade. A outra é a Bolsa Mérito, ofertada em edital semestral e de concorrência nacional pelo Ministério das Relações Exteriores.

 

Outras bolsas ofertadas pela Universidade, tal qual as de ensino, pesquisa e extensão, são permitidas a esses estudantes, que podem concorrer como qualquer outro aluno. A partir de avaliação feita pela Pró-Reitoria de Assuntos da Comunidade Universitária (Procom), o estudante PEC-G que não possui Promisaes também pode receber da UFG auxílio-moradia ou bolsa permanência.

 

Para ler o arquivo completo em PDF clique aqui

 

Fonte: Ascom UFG

Categorias: PEC Africanos intercâmbio