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Universidade Federal de Goiás

Mãos que ganham vida

Em 24/02/16 10:23. Atualizada em 10/03/16 09:56.

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Mãos que ganham vida

Com o objetivo de atender demanda social, Núcleo de Tecnologia Assistiva desenvolve próteses para amputados a baixo custo em impressora 3D

Texto: Wanessa Olímpio | Fotos: NENA

Prótese 3D

Próteses desenvolvidas pelo projeto visam atender pessoas de baixa renda que possuem algum membro do corpo amputado

 

Um projeto de pesquisa desenvolvido na Regional Catalão da Universidade Federal de Goiás (UFG) produz próteses de mão em impressora 3D. A iniciativa do Núcleo de Tecnologia Assistiva (NENA), confecciona dispositivos com plástico biodegradável (PLA) que tem em sua composição derivados do milho. Para que sejam confortáveis e se adaptem ao corpo do usuário, é utilizado um scanner 3D para ajustar a prótese ao corpo de quem irá recebê-la.

A primeira pessoa a testar as próteses será o aluno de mestrado em Modelagem e Otimização do Departamento de Matemática da Regional Catalão da UFG, Sémebber Lino. O mestrando é portador da Síndrome de Moebius, que causa paralisia nos nervos faciais e provoca uma série de más formações anatômicas, afetando os membros inferiores e superiores. “Conheci o projeto de confecção das próteses robóticas de baixo custo em minha primeira visita ao laboratório de Robótica da UFG, a convite do professor Marcelo Stoppa, que de certa forma, despertou minha curiosidade sobre o tema”, explicou Sémebber Lino, que logo depois foi convidado para participar como voluntário e testar um protótipo de prótese que será construído sob medida.

Por ser o primeiro a utilizar as próteses, há uma grande expectativa referente aos resultados. “Espero melhorar a minha qualidade de vida e de trabalho, ganhando assim, novos movimentos na mão direita com o auxílio da prótese. Espero também melhorar a vida de muitas outras pessoas portadoras de necessidades especiais que ainda não dispõem de recursos financeiros suficientes para aquisição de uma prótese comercial”, enfatizou.


Iniciativa

Coordenador do projeto, o professor Marcelo Stoppa, explica que a iniciativa visa atender pessoas de baixa renda, que possuem algum membro do corpo amputado, e que dificilmente têm condições de pagar por uma prótese, que pode chegar a custar mais de R$ 100 mil. “Me preparando para o Pós-doutorado em 2013, escrevi um projeto de estudo e desenvolvimento de próteses biônicas de mão a baixo custo. A ideia era produzir próteses de mão para amputados, mas de forma acessível. Enviei o projeto a um edital do CNPq voltado para Núcleos de Tecnologia Assistiva. Felizmente o projeto foi aprovado e recebemos o financiamento que permitiu implantarmos o NENA”, explicou o pesquisador.

No NENA são produzidos dois tipos de próteses, as mecânicas, com as quais os movimentos são realizados mecanicamente pelo próprio corpo do usuário e as eletromecânicas e definitivas, controladas eletronicamente. “As primeiras são indicadas para crianças que precisam trocar de prótese conforme vão crescendo, de acordo com sua idade. As eletromecânicas são para adultos, que poderão utilizá-
las de forma definitiva. Entretanto, as próteses mecânicas também podem ser modeladas para uso de adultos, e servir para casos onde a pessoa tem apenas alguns dedos amputados, ou seja, é mais adaptável”, informou Marcelo Stoppa.

Há uma preocupação com relação à adaptação das próteses ao corpo, pois a maioria dos usuários as abandonam devido aos desconfortos causados pelas mesmas. “Procuramos desenvolver projetos que sejam confortáveis e funcionais”, complementou o pesquisador. Para a fabricação também é utilizado um filamento chamado ABS, que é derivado do petróleo. Segundo o coordenador do projeto, os filamentos são derretidos e depositados em camadas muitos finas, com até 0,1 mm de altura, para construir as peças, camada por camada. “Recentemente compramos outra impressora 3D que imprime com filamentos flexíveis, com a intenção de construir próteses de textura mais confortável, semelhante à maciez da pele, como um tipo de borracha”, explicou Marcelo Stoppa.

 

Em impressoras 3D, dispositivos são confeccionados em plástico biodegradável

Em impressoras 3D, dispositivos são confeccionados em plástico biodegradável


Ampliando o projeto

Também foi desenvolvido um aplicativo para smartphones e tablets que permite controlar a prótese. Já é possível que ela seja comandada por voz ou por ícones na tela destes aparelhos. Ainda não foi iniciado o atendimento aos usuários, pois, além de existir aspectos a serem investigados, é preciso mais pessoas com qualificação para trabalhar na confecção das próteses, ou seja, que saibam operar as impressoras e o scanner 3D, tenham conhecimento de eletrônica, desenhem em 3D e gostem de trabalhos manuais, conforme explicou o professor Marcelo Stoppa.

O projeto desenvolvido desde 2013, atualmente busca parcerias. “Para atender a demanda que sabemos ser grande, é preciso que haja o auxílio de empresas e da sociedade civil organizada. O primeiro passo foi dado. O nosso desejo é auxiliar as pessoas, mas para isso precisamos de ajuda para que o projeto continue”, afirma o coordenador do projeto. “Desejamos, num futuro próximo, acoplar as próteses ao usuário de modo que os movimentos dos músculos restantes do braço sejam capazes de comandar o movimento”.


Outras iniciativas

Dentro do NENA há outras iniciativas que buscam favorecer pessoas com deficiência, como o desenvolvimento de cadeiras de rodas mais baratas feitas de tubos de PVC e móveis adaptados para deficientes. Todos os projetos voltados para a assistência de pessoas são de baixo custo, para conseguir atender mais usuários. “A essência dos nossos projetos é auxiliar e procurar soluções de baixo custo para ampliar o número de pessoas atendidas”, conclui Stoppa.

 

Para ler o arquivo completo em PDF clique aqui

 

Fonte: Ascom UFG

Categorias: Regional Catalão Acessibilidade