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Universidade Federal de Goiás

Maior tolerância entre humanos e vida selvagem

Em 24/02/16 10:23. Atualizada em 10/03/16 09:06.

topo Jornal UFG 76

 

 

Maior tolerância entre humanos e vida selvagem

Trabalho é o primeiro modelo baseado em evidências para predizer as espécies de animais mais sensíveis ao crescimento populacional humano 

Texto: Angélica Queiroz | Ilustração: Reuben Lago

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A população humana em todo o mundo já ultrapassou a marca de sete bilhões de habitantes. A expansão urbana, o desmatamento e a modernização dos meios de locomoção têm feito com que seres humanos e animais silvestres tenham cada vez mais contato. O problema é que por serem frequentemente vistos como potenciais predadores, a simples presença dos humanos pode gerar mudanças fisiológicas e comportamentais em animais silvestres, tais como o aumento do estresse e redução de suas atividades. Por exemplo, alterações no comportamento antipredatório dos animais silvestres, como a fuga, pode desencadear efeitos a nível populacional.

Preocupados em entender como as populações naturais estão respondendo comportamentalmente à crescente presença humana, pesquisadores da UFG em parceria com pesquisadores estrangeiros, desenvolveram o primeiro modelo baseado em evidências para predizer as espécies potencialmente mais suscetíveis à expansão humana, seja em áreas urbanas e suburbanas, ou em áreas naturais e reservas. O estudo concluiu que a maioria das populações de aves, mamíferos e lagartos residentes em áreas onde há maior distúrbio humano são as populações mais tolerantes à presença humana.

 

Os resultados desse estudo podem ajudar a identificar as espécies potencialmente mais vulneráveis a expansão urbana e, por isso, podemos direcionar os esforços de conservação sobre essas espécies

 

O trabalho, publicado na Nature Communications, uma das revistas científicas de maior prestígio no mundo, é fruto de um capítulo da dissertação de mestrado de Diogo Samia, mestre pelo Programa de Pós-graduação em Ecologia e Evolução da UFG. Contribuíram com o trabalho os professores da UFG, Fausto Nomura e Thiago Fernando Rangel, e os pesquisadores estrangeiros, Shinichi Nakagawa (Universidade de New South Wales, Austrália) e Daniel T. Blumstein (Universidade da Califórnia, EUA).


Revisão sistemática

Para desenvolver o modelo, os pesquisadores realizaram uma revisão sistemática da literatura e uma síntese quantitativa das evidências acumuladas. A partir de 75 estudos realizados ao redor do mundo com mais de 200 espécies de animais – entre elas, aves, mamíferos e lagartos –, eles investigaram se as populações de animais de áreas onde há frequente presença humana estão tolerando ou se sensibilizando aos humanos. “Trabalhos recentes têm demonstrado que populações de aves da Europa e Austrália que são menos tolerantes à presença humana estão em declínio, enquanto as populações mais tolerantes estão aumentando de tamanho”, detalha Diogo Samia.

O pesquisador explica que a tolerância das espécies foi avaliada a partir da diferença entre as distâncias nas quais os animais permitem a aproximação humana num local com alta e baixa presença humana, por exemplo, em uma cidade e em uma área rural. “Para o grupo taxonômico melhor representado, as aves, pudemos investigar quais eram as características morfológicas, de história natural e de história de vida das espécies mais tolerantes ou intolerantes à presença humana”, relata Diogo Samia.

Segundo o estudo, as populações de aves de áreas urbanas e suburbanas são as mais tolerantes dentre as populações estudadas. Além disso, os pesquisadores concluíram que espécies de aves maiores são mais tolerantes que espécies menores. “Os resultados desse estudo podem ajudar a identificar as espécies potencialmente mais vulneráveis a expansão urbana e, por isso, podemos direcionar os esforços de conservação sobre essas espécies”, ressalta Diogo Samia. Segundo ele, a pesquisa esclareceu ainda que tamanho da ninhada, dieta e abertura do habitat são características importantes para explicar o grau de tolerância ou intolerância das espécies frente à presença humana.

 

Confira na íntegra (em inglês) o artigo publicado na Nature Comunnications

 

Para ler o arquivo completo em PDF clique aqui

 

Fonte: Ascom UFG

Categorias: pesquisa Nature